As obras de construção do claustro da sé velha de Coimbra têm início em 1219 no reinado de D. Afonso II, no lado sul do templo.

A sua arquitectura obedece ao estilo de transição do românico para o gótico, predominando o último. 

O claustro da Sé Velha caracteriza-se por ter dado o primeiro impulso das manifestações da arquitectura gótica em Portugal. Utiliza-se aqui um estilo arquitectónico novo com reminiscências românicas visíveis, a par com a influência directa da primeira fase do gótico francês, na harmonia da proporção e na decoração de alguns capitéis, na solidez dos arcos e no tipo de cobertura.

De dimensões superiores ao habitual foi necessário destruir uma parte da encosta para a sua construção. Ocupa uma área quadrangular a partir do terceiro tramo da nave e ultrapassando o perímetro da cabeceira. 

É constituído por um piso abobadado e as arcadas são compostas por cinco arcos apontados duplos, assentes em finos colunelos geminados e com óculo superior em rosácea decorada de forma simples. Os capitéis são decorados com motivos vegetalistas, anunciando o gosto gótico emergente. 

O gótico aqui aplicado demonstra a já grande maturidade e evolução detida por quem ergueu a estrutura e muita segurança na utilização destas formas, facto que revela que os artífices que aqui trabalharam estavam familiarizados com os modelos arquitectónicos desenvolvidos e em uso em Espanha e em França.

O facto mais significativo a envolver este claustro é o documento assinado por D. Dinis “Scientiae thesaurus mirabilis” que viria a instituir em 1290, a mais antiga universidade de Portugal e uma das primeiras do mundo, que aí iria funcionar intermitentemente entre 1308 e 1537. 

A universidade conhecida na altura como “Estudo Geral”, esteve nos claustros da sé velha de Coimbra entre 1308 e 1537 assistindo a diversas mudanças entre as cidades de Lisboa e Coimbra. Aí se concentravam todas as Faculdades da Universidade, na época os estudos de Teologia, Cânones, Leis e Medicina. 

Estabeleceu-se definitivamente em Coimbra em 1537 , já não nos claustros, mas nos paços cedidos pelo rei D. João III para a sua instalação. Com a sua transferência definitiva para Coimbra passa a ocupar o Paço Real da Alcáçova, mais tarde Paço das escolas em 1537. 

Uma herança histórica, um património material e imaterial único, fundamental na história da cultura científica europeia e mundial, encontra-se despojada actualmente de quase toda a sua decoração de outrora, subsistindo inscrições nas paredes, túmulos medievais e alguns sinais das capelas outrora existentes.

TEXTO de Salomé Reis para os Portais regiaocentro.org e regiaonorte.net