As brandas de Sistelo

Sistelo é uma freguesia que se localiza no município de Arcos-de-Valdevez, na Serra da Peneda, apresentando um relevo acidentado, com altitudes que variam entre 180 metros e os 1360 metros. A Ordem de Malta deteve importantes bens na área desta freguesia, razão pela qual o brasão de armas da freguesia ostenta, em chefe, a cruz oitavada daquela antiquíssima Ordem Religiosa e Militar.

É neste contexto que se espalham as diversas aldeias que pertencem a Sistelo; Igreja, Estrica, Quebrada, Padrão e Porta Cova, que praticaram, outrora, o regime de transumância.

A transumância foi uma prática desenvolvida durante muitos séculos, por povos que habitavam as serras e montanhas de Portugal, constituindo uma das mais simbólicas atividades de pastoreio. 

Quando caíam as primeiras neves, os pastores faziam grandes caminhadas descendo das montanhas para as povoações que geralmente ficavam localizadas nas faldas das serras, conduzindo assim os rebanhos para zonas mais quentes. Esta prática acontecia no início do Inverno , para regressarem na primavera, em Março-Abril, quando as neves já estavam derretidas. Nestas caminhadas, homens e animais percorriam caminhos sinuosos - as canadas - que exigiam um grande esforço e destreza.

Na primavera e no verão, no regime de transumância ascendente, enquanto o gado pastava nas serranias onde abundavam pastos férteis, os pastores instalavam-se nas brandas , núcleos habitacionais temporários.

As brandas eram constituídas por construções algumas vezes de dois pisos, um piso para habitação de pessoas e um piso inferior para estábulo de animais, construções estas que se designam por cardenhas (podendo ter outros nomes), as brandas são típicas do complexo sistema antigo de transumância das Serras do Soajo e da Peneda-Gerês, hoje integrado no Parque Nacional da Peneda-Gerês e onde se incluem as brandas do Sistelo.

A aldeia onde a família passa o inverno chama-se Inverneira, localizada num vale, em zonas mais baixas. No fim do verão ou princípio do outono, as pessoas deixam as Brandas e descem para a Inverneira, onde permanecem aí até Março, altura em que voltam a subir para as Brandas para fazerem as sementeiras do centeio e deixar o gado a pastar. Hoje em dia, nas poucas aldeias que mantêm a tradição, as pessoas apenas levam os animais e alguns haveres, ao contrário de antigamente, em que as pessoas levavam até a mobília.

Em várias localidades subsistem ainda as tradições de Transumância.